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No agronegócio, segmento que representa cerca de um terço do PIB brasileiro, existem setores com dados positivos nos mais de dois meses da quarentena e outros que, segundo Ribeiro, estão praticamente à beira de um colapso.
O setor de flores, por exemplo, está em uma situação praticamente irreversível. É um setor que se prepara anos antes, devido aos ciclos de produção, para atender a um mercado muito concentrado e dependente de épocas específicas, como Dia das Mães e Dia de Finados, os momentos em que mais se vende flores. E ele está com problemas seríssimos.
O setor de cana de açúcar e etanol sofreu queda de consumo na pandemia. De acordo com o jornalista, não são todas as usinas que possuem capacidade e infraestrutura para redirecionar sua produção e começar a produzir açúcar. As recentes quedas no valor do barril do petróleo acabam por puxar para baixo o valor de todos os outros combustíveis.
Esse é um setor que está pedindo socorro ao governo federal, com linhas de crédito para ter mais caixa e não precisar parar sua produção ou migrar para outras culturas.
Por outro lado, há setores como o de grãos, em especial a soja, que vem batendo recordes históricos, em razão da demanda internacional aquecida, em especial, da China. "A movimentação média diária é equivalente a milhões de carretas embarcadas em navios, nos principais portos do Brasil".
Em sua avaliação, a China tem agido com cautela e promovido uma estocagem de alimentos. Por isso, a demanda segue crescente, e o preço da soja não deve cair. Segundo Ribeiro, a soja recentemente bateu recorde de preço, e o Brasil mantém-se em posição mais competitiva em relação aos Estados Unidos, em razão da alta do dólar.
Respondendo à pergunta de Azevedo sobre a influência do dólar, em alta histórica, no agronegócio, o editor da Globo Rural aponta que o peso do câmbio pende mais para o lado positivo, atualmente.
"Somos mais exportadores no agronegócio do que importadores. Com o dólar a quase R$ 6, o produtor comemora, e a exportação segue batendo recordes. Na venda antecipada da safra, que será plantada em setembro e colhida no final do ano ou em 2021, os índices também bateram recordes, superiores a 30%", revela.
Ribeiro pondera que os insumos estrangeiros que o produtor local utiliza podem ter impacto nesse quadro. Hoje, cerca de 85% do fertilizante usado no Brasil é importado. Porém, na relação entre o preço dos insumos e a venda na exportação, é provável que os produtores ainda saiam ganhando.
Futuro dos produtores
Questionado pelo head Comercial e de Gestão de Recursos da Órama sobre como os produtores rurais trabalham com Derivativos e Mercado Futuro, Ribeiro aponta que há um movimento de busca por ferramentas de proteção à oscilação de preço. Porém, ainda são fortes a questão cultural e a desconfiança com mercados que não sejam o negócio da terra.
"Isso pode mudar, com as soluções de tecnologia, as recentes gerações que vêem o campo como uma alternativa legal, para dar continuidade ao trabalho da família, e o hedge entra nas ferramentas que podem ser usadas para esse agente se beneficiar na produção", afirma o jornalista.
Ainda existe uma dificuldade geográfica, com muitos produtores isolados em suas regiões, sem acesso fácil a agências bancárias e conexão estável com internet.
"Porém, tem um potencial enorme. Há cooperativas de crédito que fazem um trabalho sensacional no interior do Brasil. E existem fintechs também, que aumentam a concorrência e ajudam a superar a questão da burocracia para dar mais ferramentas a esses produtores", finaliza Ribeiro.
Em conversa com o Head Comercial e de Gestão de Recursos da Órama, editor da revista Globo Rural avalia o cenário do campo, o recorde nas exportações e as oportunidades de crédito para os pequenos produtores
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