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O desenvolvimento tecnológico sempre provocou mudanças no mercado de trabalho. A diferença é que essas transformações estão acontecendo cada vez mais rapidamente. Hoje, com a mobilidade permitida pelos smartphones e tablets, e recursos como videoconferências, o trabalho não está mais restrito ao escritório e pode ser levado a qualquer canto. Segundo a pesquisa "Barômetro da Inovação", realizada pela GE, 89% dos entrevistados acreditam que ter um horário flexível melhora a produtividade, e 79% acham que o trabalho remoto produz o mesmo efeito. O estudo ouviu 2.748 CEOs de 23 países, incluindo o Brasil, e 1.346 formadores de opinião de treze nações.
Assim como o profissional precisa se tornar mais familiarizado com as novas tecnologias para manter o emprego, as empresas também devem se adaptar. Segundo a pesquisa, 81% dos executivos entrevistados acham que está aumentando a quantidade de “funcionários nômades”, ou seja, pessoas que não procuram emprego em período integral, mas trabalhos como free lancer ou contratos temporários. Para segurar esses profissionais por mais tempo, as companhias terão de ter valores e propósitos bastante claros.
De modo geral, os entrevistados acreditam que os impactos da tecnologia serão mais positivos do que negativos. Por exemplo, apenas 22% acham que a automação no mercado de trabalho trará resultados ruins para os trabalhadores. Grande parte supõe que a revolução digital criará novos tipos de trabalho (48%) e tornará o ambiente corporativo mais seguro (43%). É o que acontece na área industrial, na qual softwares de automação tornam os processos mais eficientes e robôs podem ocupar o lugar de pessoas nas funções mais desgastantes.
Como se transformar em um profissional da era digital
Cidadão do mundo
Pode ser uma dica batida, mas ela é mais importante hoje do que jamais foi: em empresas cada vez mais conectadas com filiais ou companhias parceiras ao redor do mundo, não dá para sobreviver no mercado corporativo sem um inglês decente e, de preferência, mais uma segunda língua, como o espanhol. “Saber lidar com culturas diferentes também será fundamental”, diz Diego Mariz, gerente executivo da empresa de recrutamento e seleção Michael Page. Ou seja, faça sua lição de casa, aprimore seus idiomas e estude as culturas com as quais você tem de lidar.
Em qualquer lugar, a qualquer hora
A conectividade e mobilidade favorecem uma flexibilidade de horários no trabalho. Mas lembre-se de que isso é uma via de mão dupla. Ao mesmo tempo em que você pode negociar com o chefe sair mais cedo para buscar os filhos na escola, pode ser que tenha de acordar de madrugada para participar de uma reunião com alguém que está do outro lado do mundo. Você está aberto a oferecer essa disponibilidade? E se houver a necessidade de trabalhar de casa alguns dias por semana, vai conseguir se organizar e focar só nas tarefas profissionais? “É um desafio, a empresa precisa respeitar os limites do que pode ser exigido, e o profissional tem de ser flexível e desvincular vida pessoal da profissional”, diz Diego Mariz.
Descentralização do comando
Se você é gestor, prepare-se para perder um pouco do seu “poder”. A tendência é que as empresas fiquem mais horizontais, ou seja, com a hierarquia reduzida e participação maior dos funcionários na tomada de decisões. “Hoje em dia a informação é muito livre, dentro e fora das empresas”, afirma Diego Mariz. “Os gestores têm de ter muita transparência, os funcionários querem saber tudo”, diz.
Relacionamento com o cliente
A tecnologia está mudando a forma como as empresas lidam com seus clientes e consumidores finais. Com as redes sociais, principalmente, a interação entre uma ponta e outra é muito mais próxima e dinâmica do que era há alguns anos. “Hoje a informação chega para a empresa por meio do cliente e dos canais digitais”, diz Fábio Saad, gerente sênior da empresa de recrutamento Robert Half. Os profissionais modernos terão de pensar em soluções online mais eficientes e oferecer respostas mais ágeis, principalmente os das áreas de marketing e atendimento ao cliente.
Carisma e simpatia contam
Além de cuidar da bagagem teórica e habilidades técnicas, não se esqueça também de lapidar seus soft skills, que são os atributos e características ligados à sua personalidade. Saber trabalhar em equipe será uma qualidade cada vez mais valorizada no mercado de trabalho impactado pela era digital. “Colaboração é o futuro”, diz Fábio Saad. “A geração Z, entre 19 e 26 anos, já nasceu aprendendo a compartilhar informações”. Além do espírito colaborativo, as características mais valorizadas pelos executivos quando recrutam um profissional são a habilidade na resolução de problemas (56%), e a criatividade (54%).
Empreendedor funcionário
Uma tendência que está tomando fôlego em países como EUA e que deve chegar por aqui nos próximos anos é a do intrapreneur, ou seja, o empreendedor interno. Seu papel é o de buscar transformações dentro da empresa, como sugerir o lançamento de novos produtos ou fundir dois departamentos em um só. “Isso já acontece no Brasil, mas ainda não é valorizado”, diz Fábio Saad. De acordo com a pesquisa Barômetro da Inovação, produzida pela GE, apenas 32% dos executivos entrevistados valorizam o espírito empreendedor como principal característica buscada em um candidato. É bem provável que esse número suba nos próximos anos.
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